segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Capitulo 02 - Meu melhor amigo

O dia estava lindo. O tempo estava limpo. Entramos no carro conversando sobre meus sonhos.

- Tive aquele sonho mais uma vez, mãe.

- Outra vez? E o seu braço? Doeu dessa vez?

- Sim. É como se a marca começasse a pegar fogo. E vai ficando cada vez mais quente.

- Estranho. E alguma coisa mudou no seu sonho? Digo, desde a primeira vez, ele continua o mesmo?

- É, mais ou menos.

- Como assim? – Disse minha mãe com um olhar de preocupação.

- É que antes eu não podia escutar e nem ver o guerreiro em minha frente. Agora posso ver sua armadura e escutar sua voz claramente.

- E o que ele diz?

- Nada de mais. Eu digo a ele que não posso deixá-lo fazer alguma coisa e então ele me responde com um tom superior, dizendo que eu nunca consegui derrotá-lo em nada e que não será naquele momento que conseguirei.

- E porque você não me disse isso antes?

- Não sei. Não achei que fosse importante.

- E o rosto dele? Você consegue ver? Reconhece a voz pelo menos? Dizem que as pessoas que aparecem em nossos sonhos já foram vistas por nós pelo menos uma vez na vida.

Nisso minha mãe estava certa. Ela era psicóloga. Entendia bem sobre o funcionamento do cérebro humano.

– Você consegue saber de quem é a voz?

- A voz não é estranha. Já ouvi em algum lugar, mas não sei onde.

Continuamos conversando até chegar a minha escola. Despedi-me de minha mãe com um beijo em seu rosto e desejei-lhe um bom dia. Assim que desci do carro, senti a marca de meu braço arder um pouco. Achei estranho, pois isso geralmente acontecia quando tinha um sonho. A dor foi momentânea. Logo após senti-la, passou. Olhei para a escola e pensei enquanto minha mãe seguia em frente: “Só mais alguns dias e férias!”. Eu nunca gostei de estudar, mas o fazia para, algum dia, retribuir tudo o que minha mãe fizera por mim.

Assim que entrei na escola encontrei com Lucas, meu melhor amigo desde que me entendo por gente. Nós somos amigos desde pequenos, desde que tínhamos 6 anos para ser exato. Ele sabe de todos os meus segredos, assim como eu dos dele. Ele é a pessoa em quem mais confio no mundo. Além disso, ele também possui uma marca no braço, assim como eu, mas ao invés de ser no braço esquerdo, localiza-se no direito e tem um formato diferente. Sua marca parece com a letra “y” de ponta cabeça, mas um pouco torta. Segundo ele, sua marca é de nascença como a minha, mas ela aparenta mais uma queimadura do que uma marca.

- Fala Leo! Como você está cara? – Diz ele estendendo seu punho fechado até mim – Alguma novidade?

- E aí cara. – Digo fechando meu punho e batendo no dele. – Nada de novo, só o de sempre mesmo.

- E os sonhos? Melhoraram?

- É, mais ou menos.

- Como assim?

- Lembra que eu te contei na semana passada que conseguia ouvir a voz do guerreiro, mas baixo, quase como um sussurro?

- Sim, o que tem?

- Ontem à noite pude ouvir sua voz claramente, e, se me lembro bem, a voz era muito parecida com a sua.

- Uou... Com a minha?

- Estranho né? Mas devo estar enganado.

Conversamos mais um pouco e combinamos de ir ao treino de boxe juntos. Lucas treina comigo desde o começo e quase nunca consigo vencê-lo. Apesar de termos a mesma idade, ele é muito mais habilidoso do que eu em tudo. O sinal tocou e fomos para a sala de aula.

Assim que a aula acabou, Lucas e eu fomos direto da escola para a academia. Hoje eu tenho um treino de sparring com ele. Sinto-me preparado. Tenho treinado muito com o objetivo de vencê-lo de verdade, sem ele desistir como ele sempre faz quando percebe que estou cansado. Chegamos à academia depois de uns vinte minutos de caminhada. Fomos ao vestiário e nos preparamos para a luta. Alguns minutos depois eu já estava com as mãos enfaixadas e as luvas prontas. Era a hora de ver se meu treino valera a pena ou não. Entrei no ringue e Lucas já estava lá, me esperando.

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