terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Capitulo 01 - Aqueles sonhos...

Era uma noite chuvosa. A sala estava mal iluminada. Eu não podia ver nada além de sombras dançando pelas paredes. As tochas estalavam enquanto o fogo consumia o óleo. Havia alguém em minha frente. Seu rosto estava completamente coberto pelas sombras. Vestia uma armadura de batalha negra, cheia de cravos, e tinha uma espada um pouco maior que seu corpo em suas mãos. A empunhava em guarda.

- Você sabe que eu não posso deixá-lo fazer isso, não sabe? – Disse eu.

- Você vai me impedir? Não seja tolo, Leo. Você sempre foi inferior a mim. Nunca conseguiu me vencer em nada e não será agora que você irá me derrotar. MORRA!

Dizendo isso a sombra correu em minha direção e saltou, erguendo a espada sobre sua cabeça, como se quisesse acabar tudo com aquele golpe. Quando o golpe estava prestes a me acertar, acordei com um susto.

- AHHHHHH! Droga! De novo esse sonho esquisito. O que será que está acontecendo?

- Leo, acorda! O café está na mesa!

- Já estou descendo, mãe! Poxa, ainda são sete da manhã e ela já está gritando. – Reclamei enquanto me levantava e bagunçava meu cabelo.

Vesti uma bermuda que estava jogada no chão e uma camisa amarrotada, coloquei meu tênis e peguei a mochila no meu armário. Estava pronto para mais um dia de treino. Eu treinava boxe. Desde pequeno as outras crianças implicavam comigo por causa de estranhos sonhos que tenho, então minha mãe resolveu me fazer treinar boxe. Não que eu goste de brigar, nem coisa do tipo. Sou o cara mais pacifico do mundo, mas quando é preciso eu realmente uso meus doze anos de treino. Enfim, como eu disse antes, eu tenho sonhos estranhos desde pequeno. Nesses sonhos minha vida está sempre em perigo. Eu já tive sonhos em que andava por uma antiga ponte de madeira que ficava na beira de um penhasco. Já tive sonhos em que lutava com criaturas estranhas, que eram feias e tinham o corpo verde. Mas já faz um tempo que ando tendo sempre o mesmo sonho, onde sou morto por alguém usando uma grande espada e uma armadura de batalha negra. Esses sonhos acontecem desde que fiz seis anos. O primeiro deles aconteceu na noite do dia anterior ao meu aniversário. Minha mãe diz que algo estranho aconteceu nessa noite. Ela diz que assim que o relógio bateu meia–noite, uma luz rosada intensa começou a brilhar sobre minha cama, onde eu dormia sem perceber o que acontecia. Ela e meu pai correram desesperados para meu quarto e quando chegaram lá, a luz brilhou cada vez mais forte até que um grande clarão aconteceu. Minha mãe acordou no outro dia de manhã no chão do meu quarto sem a menor ideia do que aconteceu. Correu até minha cama para checar se eu estava bem, mas eu dormia como se nada tivesse acontecido. A única coisa que havia diferente era uma estranha marca que apareceu em meu braço. Ela tinha o formato de algo como uma pirâmide de ponta cabeça. Após ver se eu estava bem, ela procurou por meu pai, mas não pode encontra-lo. Ela nunca mais o viu depois daquela noite. Eu não acredito na história de minha mãe. Pra mim era só uma desculpa para o fato de meu pai ter nos abandonado naquela noite e a marca em meu braço era uma marca de nascença.

Desci as escadas e lá estava minha mãe, linda e sorrindo como sempre. Apesar de meu pai ter nos abandonado, ela nunca deixou de sorrir enquanto eu estava por perto, talvez sempre tentando me confortar. Ela tinha os cabelos pretos como os meus. Seus olhos eram azuis como o céu. Eram completamente diferentes dos meus, os quais, ela me disse, eram idênticos aos de meu pai, verdes.

- Rápido Leo, ou você vai se atrasar para a aula.

- Calma mãe. Chegar atrasado não vai me matar.

- Vamos, este é o seu último ano na escola. Não quero que você se atrase ou fique de recuperação nesse semestre.

Tomei um copo de leite num gole só. Estava doce e quente do jeito que eu gosto.

- Vamos mãe. Eu já estou pronto. – Disse eu colocando minha mochila em minhas costas e indo em direção à porta. – Deixe tudo aí em cima. Assim que eu chegar arrumo tudo para a senhora.

- Tudo bem, vamos. – Disse ela tomando o último gole de suco de seu copo e pegando as chaves do carro.

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